Foi a partir da
resenha de um jornal de grande circulação do Rio de Janeiro (pois é, só existe
um) que me aproximei deste filme. A crítica o indicava como o “filme fofo” de
2013 e assistir a filmes fofos sempre, ou quase sempre, é uma experiência
agradável – ainda mais se o diretor em questão ser o mesmo responsável por uma
das obras mais interessantes da década passada (alo de A lula e a baleia). Assim sendo, assisti a este Frances Ha sem conhecer muito a
história, limitando-me a saber que era filmado em preto e branco e ambientado
em Nova Iorque nos conturbados tempos de hoje.
Frances é uma jovem de vinte e sete anos que, diante das
conturbadas relações que se estabelecem atualmente, parece ter dificuldades em
assumir a vida adulta e suas responsabilidades. Roteirizado por Baumbach
juntamente com Greta Gerwig (que também dá vida a personagem título), France Ha acompanha as transformações
que ocorrem na vida da protagonista quando sua melhor amiga, com quem divide um
apartamento, resolve se juntar com o namorado, obrigando a jovem a repensar sua
vida. O fato se torna mais chocante para Frances, pois esteve perto de passar pela
mesma situação, embora, no seu caso, tenha preferido manter-se na zona de
conforto representada pela presença da amiga com a qual realiza suas
brincadeiras e projeta um futuro idealizado.
Diante disso, acompanhamos as várias mudanças de
apartamento pelas quais Frances passa, conhecendo novos personagens, cada um
com seus projetos e suas lutas particulares para realizá-los. A questão é que
Frances parece assumir uma postura passiva/ingênua em relação aos fatos e,
assim, acaba perante a difícil decisão entre seu sonho de se tornar uma grande
bailarina e a necessidade de ganhar dinheiro para o seu sustento.
Através de diálogos bem elaborados e ações bem
estruturadas (tanto nos momentos engraçados quanto nos momentos sérios), Frances Ha em momento algum parece
inverossímil, assumindo uma postura diegética que poderia ser vivenciada por
qualquer um e sua fotografia em preto e branco, somado a sua trilha sonora
recheada de clássicos que remetem aos anos 80 oferecem uma experiência muito
agradável – uma vez que todos os elementos ajudam a humanizar Frances sem
torná-la uma personagem trágica ou excessivamente cômica.
Sem dúvida alguma um “filme fofo”
que vai muito além de ser simplesmente fofo.
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