sexta-feira, 1 de agosto de 2008

O Último Corte S.A. (Brasil, 2007)

Direção: Thiago Guimarães

Fiquei muito feliz em saber que meu filme será exibido no Festival Brasileiro de Cinema Universitário. Sua exibição irá ocorrer no dia 07/08 (5ª feira) na mostra informativa Humor e Comédia 1, a partir das 14h na Caixa Cultural, localizada na avenida Almirante Barroso, 25 Centro (do Rio de Janeiro). Propagandas a parte, gostaria de refletir um pouco sobre as motivações para a produção deste curta.

O Último Corte S.A. foi realizado como parte integrante da avaliação do curso de Direção Audiovisual da faculdade (Rádio e TV da UFRJ). O filme não chega a cinco minutos de duração e acompanha o encontro de um casal de namorados cujo objetivo é ir ao cinema. Entretanto, durante a narrativa, ocorrem erros pontuais de continuidade que tendem a atrapalhar esse encontro. Erros de continuidade, ultimamente, têm chamado a atenção dos espectadores de cinema. Podemos perceber nos últimos anos uma tendência maior a essa forma de diversão. Muitas pessoas vão ao cinema com o objetivo de apontar esses erros e registrá-los em blogs, ou até mesmo, sites especializados no assunto. Muito refleti sobre essa situação e cheguei a seguinte conclusão.

Erros de continuidade, montagem (ou até erros de pesquisa histórica) sempre ocorreram sem gerar grandes alardes por parte do público. A questão é que o conteúdo fílmico – a ação dramática – é rico. Em outras palavras, os filmes quando são ricos em conteúdo, não abrem espaço para os erros de continuidade. Todos sabemos das pontuais aparições de Hitchcock em seus filmes, mas confesso nunca ter me preocupado em encontrá-lo, uma vez que suas narrativas são muito mais interessantes que a diversão de procurá-lo. Laranja Mecânica de Kubrick possui alguns erros de continuidade plantados pelo diretor ao longo da história, mas confesso que nunca as encontrei. A riqueza dos filmes não está unicamente em sua continuidade. Quando somos apresentados a uma boa história, com boa direção, boas atuações, não ficamos presos a erros de continuidade (a não ser que eles sejam gritantes, o que resultaria em demissões em massa antes do lançamento da película).

O que vemos ultimamente são filmes sem conteúdo, fracos em direção, atuação e proposta. É muito mais fácil nos desligar da narrativa para procurarmos erros de continuidade ou erros de relevância histórica (Gladiador é riquíssimo nesse quesito, não é a toa que seja tão fraco em todo o resto). Sabendo disso, minha primeira preocupação, ao criar o roteiro de O Último Corte S.A., foi esvaziá-lo de qualquer conteúdo dramático, tentando criar uma história que não prendesse a atenção do espectador. O objetivo era fazer com que as pessoas percebessem os erros de continuidade e tentassem encontrá-los. Posteriormente criar uma decupagem que favorecesse o ambiente onde ocorre a ação, possibilitando a criação de erros de continuidade pouco perceptíveis e outros gritantes (e confesso que fui feliz nesse ponto, sabendo que existem erros que nunca foram encontrados).

Quanto a produção propriamente dita, devo agradecer aos dois atores que participaram das filmagens, aceitando o desafio de tornar realidade um projeto feito em regime de urgência. O casal se conheceu no dia das filmagens e eles foram super profissionais, sem nenhum tipo de frescura (provavelmente isso é mais comum àqueles que já tem fama). Agradeço também ao nosso câmera que sofreu com a iluminação ambiente, uma vez que o dia estava nublado e as nuvens o tempo todo mudavam a iluminação do apartamento. Não posso esquecer os pedreiros da obra que estava acontecendo no apartamento ao lado e que de forma educada pararam seus afazeres por vinte minutos para a finalização das tomadas realizadas dentro do apartamento (tudo bem que eles disseram que iam parar porque me acharam gente boa – nota: eu estava com a camisa do Flamengo e tenho certeza que a camisa me favoreceu bastante). O curta teve uma boa recepção em sua primeira exibição, realizada no auditório da Escola de Comunicação da UFRJ, diante dos alunos de diversos períodos. A nota final também foi boa.

Meu objetivo é não abrir o segredo, ou seja, nunca revelar quais são os erros de continuidade presentes no filme. Quebraria a diversão e a intenção da obra. Deixo, aqui no blog, a versão youtube e volto a esse tema após a exibição do filme no festival para comentar os resultados da estréia do filme em festivais.

PS: outro filme que contou com a minha participação será exibido no Centro cultural dos correios no dia 05/08 a partir das 19h. Realizei a arte gráfica deste documentário dirigido pelo colega Tomas e que estará na mostra informativa crítica e política. O documentário se chama 12 de outubro. Informações no site do festival: www.fbcu.com.br