sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

MELHORES DE 2017 - PARTE 1 (MENÇÕES HONROSAS)

 É difícil determinar uma lista dos 10 melhores filmes assistidos em um ano. O universo e a diversidade cinematográfica é tamanha, que escolher um em detrimento de outro é uma tarefa muitas vezes injusta e angustiante, tal qual O sacrifício do cervo sagrado. A verdade é que, apesar de toda a angústia, gostamos muito de nos impor esta Escolha de Sofia e, todos os anos, debruçamo-nos em listas de indicados a prêmios, fazemos nossas apostas e, por que não?, elegemos nossos próprios melhores do ano. Resolvi fazer uma lista este ano, pois, após um 2016 distante do cinema, 2017 marcou meu retorno às salas, ao Festival do Rio e aos debates acalorados sobre bons filmes. Difícil limitar-se a dez filmes. Por isso, apesar de criar a lista, optei por fazer referência a algumas obras que, embora não tenham ficado entre os dez, poderiam ter entrado na lista. Outra característica que insisto em manter é a de não criar um Top 10, mas uma seleção de filmes em ordem alfabética.
MENÇÕES HONROSAS (EM ORDEM ALFABÉTICA):
DUNKIRK (Direção: Christopher Nolan) – filme muito bem realizado, com um aparato técnico irrepreensível (a trilha sonora de Hans Zimmer prova que o compositor voltou a sua melhor forma). Aqui, encontra-se uma das cenas mais angustiantes do ano e a ideia de um vilão quase invisível foi uma excelente estratégia para transmitir o horror da guerra. O roteiro, no entanto, deixa a desejar e, particularmente, não gostei do final nem do personagem de Keneth Brannagh (totalmente dispensável).

GOD'S OWN COUNTRY (Direção: Francis Lee) – “Choices!”, poderia dizer alguém. O filme de Francis Lee parte da concepção de que a vida é feita de escolhas e, aqui, o protagonista sofre as angústias de ter optado por ficar com a avó e com o pai doente em vez de seguir para a universidade e para um mundo muito maior que a casa de campo rodeada de ovelhas. Cria, a partir de então, uma persona que insiste em demonstrar uma capacidade de lidar com os problemas sozinho, lançando-se em relações meramente sexuais sem a mínima profundidade. Um personagem muito bem elaborado diante das escolhas que fez e daquelas que terá de fazer quando um estrangeiro chega para ajudá-lo nas tarefas que insiste em fazer de forma solitária.

HENFIL (Direção: Angela Zoé) – Em tempos como o que vivemos atualmente, é importante fazer chegar às novas gerações o trabalho de figuras como Henfil. Recheado de imagens de arquivo e permeado pelas impressões de uma nova geração de animadores, o documentário de Angela Zoé consegue fazer com que traços paralelos se encontrem rumo ao infinito.

HOMEM-ARANHA: DE VOLTA AO LAR (Direção: Jon Watts) – Mais um reboot da franquia Homem-Aranha poderia soar como mais do mesmo. Watts, no entanto, conseguiu, junto a um roteiro bem elaborado, retomar a história do herói sem a necessidade de explicar pela trilionésima vez como Peter Parker se tornou quem é. As boas-vindas do universo Marvel ao “Aranha” também conta com um vilão muito bem elaborado e encarnado com maestria por Michael Keaton (ironicamente um eterno herói da DC).

JIM E ANDY (Direção: Chris Smith) – Quase vinte anos depois, voltamos a uma das maiores esnobadas do Oscar: “O mundo de Andy”. A partir de imagens de arquivo – tipo making of do filme de Milos Forman –, Jim Carrey fala sobre o seu processo de criação (diria até: incorporação) do protagonista do filme Andy Kaufman, sobre sua carreira e sobre a arte de atuar. É realmente impressionante o que Carrey conseguiu construir e o quão longe conseguiu levar seu processo e o fato disso vir à tona comprova seu potencial como ator. Destaque para o telefonema entre Forman e Carrey que culmina em uma bela reflexão sobre as diferenças entre representar e atuar.

LA LA LAND: CANTANDO ESTAÇÕES (Direção: Damien Chazelle) – Mais jovem diretor a vencer o Oscar, Chazelle conseguiu trazer de volta a magia dos musicais e, aqui, não falamos de filmes baseados em espetáculos da Broadway, mas de um roteiro original, escrito diretamente para o cinema. A cartela “Cinemascope” que abre o filme me deu a sensação de estar diante de um filme grandioso. Ao final, no entanto, ficou a sensação do mesmo, o que não elimina as qualidades da obra. A conclusão dessa busca de sonhos é a parte mais significativa de “La La Land” e aquela troca de olhares ganha muito mais significado quando acompanhada pelo Epílogo da trilha sonora de Justin Hurwitz.

O SACRIFÍCIO DO CERVO SAGRADO (Direção: Yorgos Lanthimos) – Aqui meu cérebro bugou! Lanthimos já me causara angústia quando lançou “Dentes Caninos”. Não cheguei a assistir ao seu penúltimo filme, “O lagosta”, mas fui preparado para este “O sacrifício do cervo sagrado”. Típico filme do modelo ame ou deixe, a obra incomoda desde o primeiro plano até o último segundo. É uma angústia que vai em um crescente ininterrupto, com planos que parecem seguir os personagens e indicar um olhar invisível que os observa, uma trilha incômoda e um clímax assustador.
PLANETA DOS MACACOS: A GUERRA (Direção: Matt Reeves) – Encerrando a trilogia de cabeça erguida, este filme consegue ser atual em sua abordagem (com construção de muros e tal), certeiro na desumanização de homens cujas identidades limitam-se a patentes ou ocupações, excepcional no uso da tecnologia que dá vida aos símios, além de possuir uma das minhas trilhas sonoras preferidas no ano, composta e conduzida por Michael Giacchino. 

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