segunda-feira, 7 de agosto de 2017

PLANETA DOS MACACOS: A GUERRA (War for the Planet of the Apes – EUA, 2017)

Direção: Matt Reeves
A guerra ainda é um meio eficaz de se estudar a natureza humana – infelizmente; não à toa os cinemas e as livrarias vivem abarrotados de obras do gênero. Ela é uma das atividades em que mais se evidenciam as relações de poder, justamente por terem, na maioria das vezes, uma motivação banal que a justifica (e quando falo em justificar quero expor o quanto aceitamos, enquanto sociedade, os discursos de guerra – até mesmo os metafóricos). Finalizando a trilogia que retomou a ficção distópica de 1968 (estrelada por Charlton Heston), “Planeta dos Macacos: a guerra” consolida-se como uma produção de seu tempo não só pela tecnologia empregada, mas também pela narrativa que apresenta.
Iniciando com um resumo do que se passou nos filmes anteriores, a direção não gasta tempo para introduções e joga o espectador, logo de cara, em uma cena de batalha entre humanos e macacos – elemento, este, que não é recorrente no decorrer da história e que demonstra o quanto a sombra da guerra se impõe através do discurso e da ameaça muito mais que em ações armadas (ideia diante da qual a humanidade se viu em tantos anos de Guerra Fria). Dito isso, percebe-se que não há nenhuma incoerência no título do filme. Outra decisão acertada do roteiro encontra-se na ausência de nomes para os personagens humanos, cuja alcunha limita-se a títulos ou apelidos vagos como “Coronel” ou “Preacher” (pregador / propagador de doutrina), enquanto os macacos são identificados pelos seus nomes (Cesar, Maurice, Cornelius), algo que oferece humanidade aos símios. O fator humanidade, no entanto, não seria tão eficaz caso o design de produção e os efeitos especiais não fossem tão bem realizados, possibilitando a utilização de planos em close dos personagens sem acusar o tratamento digital dado às imagens – um espetáculo por si só dentro de toda a produção.
“Planeta dos Macacos: a guerra” faz referências a outros filmes do gênero, em especial “Appocalipse Now” (repare nos helicópteros chegando e na figura de Woody Harrelson, praticamente um Coronel Kurtz entregue à loucura). Além disso, é quase impossível não perceber as indiretas à política atual dos Estados Unidos, que aposta na construção de muros, expondo uma total dificuldade de comunicação – carência que indica a perda de humanidade entre os homens; todas essas referências estão presentes. Dessa forma, a produção se insere na atualidade – é impossível imaginá-la sem o aparato tecnológico disponível hoje em dia e sem as bases no discurso político atual (algo que era extremamente forte nos filmes originais).

Não poderia terminar essa resenha crítica sem ressaltar a força da trilha sonora de Michael Giacchino e a beleza estética do plano que encerra o filme e que remete ao cinema clássico.

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