Lembro-me de minha família. Dos domingos sentados à mesa.
Do almoço servido quentinho em uma esquina tijucana. Entretanto...
Não eram os almoços de domingo os verdadeiros laços. Os
almoços de domingo tinham um quê de burocrático – algo de tradicional cuja
realização pairava entre o obrigatório e o racional. Os sorrisos dominicais
limitavam-se ao bater ponto no domingo de folga.
Bom mesmo eram os domingos sob a maresia da Região dos
Lagos. Aqueles domingos eram incessantes, sem intervalos semanais. Acordar pela
manhã ao som da cozinha ganhando vida. Flanar pelos cantos da casa sentindo os
sorrisos cheios de liberdade que desembocavam nas tardes na praia, culminando
em um pôr-do-sol inviolável. As viagens à Região dos Lagos eram os verdadeiros
laços.
Hoje, ainda inebriado pelas lembranças, quando acordo em
uma esquina de Copacabana, finjo ser o som da cozinha as conversas de outrora.
Fecho os olhos e imagino pelo menos um sorriso dominical que sirva de elixir
para mais um dia.
Meu sorriso dominical tornou-se
um laço maquiado com o pó da tradição e a sombra da burocracia.
Mario Chris
Rio de Janeiro,
09/04/2014
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