Dia desses estava ouvindo umas músicas, em especial as feitas para o cinema, e fui pego desprevenido por Streets of Philadelphia. Fazia algum tempo que não a ouvia e voltar a sentir seu arranjo, prestar atenção em sua letra foi uma experiência muito agradável. Que bela música! Bruce Springsteen foi muito feliz em sua composição – ganhou o Oscar, o Globo de Ouro e o Emmy; a emoção poética que transborda de sua música é extremamente reflexiva e, por isso, muito relevante. Aliás, belo filme Philadelphia! Tom Hanks é um grande ator, encarna com tanta sinceridade a dor do preconceito em um personagem cuja condição de homossexual e soropositivo o colocou diante da intolerância dos ditos normais. Além disso, o filme ainda toca na questão racial através do personagem de Denzel Washington – advogado que defende a causa do personagem de Hanks. Apesar de não repetir a genial direção de O Silêncio dos Inocentes, Jonathan Demme realizou um filme correto com várias questões e com uma atuação que rendeu o primeiro Oscar de melhor ator para Hanks (o segundo viria um ano depois com Forrest Gump).
Mas o motivo pelo qual escrevo este texto é o fato de ter ouvido a bela canção de Springsteen. Olhar para si e perceber a sensação de esvaecimento e da presença do silêncio que o transforma em algo irreconhecível. É quase um tratado de Ingmar Bergman feito em canção. E a sua associação com o filme em questão torna uma reflexão extremamente intimista em uma questão social – o que fazemos com nossos semelhantes? Quem reconhecemos como sendo nossos semelhantes? É realmente um trabalho muito bonito. Aliás, uma das mais belas canções agraciadas com o prêmio da academia, uma das mais belas feitas para o cinema.
Um comentário:
Muito significativo...Texto muito bem elaborado...com paixao e genialidade. Bom para refletir.
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