Dir: George Miller
O ano de 2008 marcou a morte de um dos protagonistas mais emocionantes da vida real. Lorenzo Odone faleceu aos trinta anos, no dia 30 de maio, mais de vinte anos após o diagnóstico de adrenoleucodistrofia (ALD) e mais de uma década após inspirar o filme O Óleo de Lorenzo, dirigido por George Miller (responsável pela direção do clássico “sessão da tarde” As Bruxas de Eastweek).
A doença de Lorenzo é muito rara, sendo transmitida geneticamente de mãe para filho (assim mesmo no masculino, uma vez que somente meninos a desenvolvem). Ela degenera o sistema nervoso, causando problemas de locomoção, visão, audição, fala – enfim, uma doença gravíssima e cuja cura era desconhecida à época do diagnóstico do rapaz. Sem tratamento conhecido, a única opção era esperar pelo pior – o que não demorava a acontecer, em média cinco anos após a indicação da enfermidade. Insatisfeitos pela falta de informações obtida através dos médicos, os pais de Lorenzo passaram a estudar o caso do filho, chegando a um tratamento o qual é utilizado hoje por milhares de meninos acometidos pelo problema – isso tudo sem nunca terem estudado medicina.
Tal história foi transmitida para as telas de cinema de forma exemplar, principalmente pelas atuações indescritíveis do elenco, encabeçado por Nick Nolte e Susan Sarandon (indicada ao Oscar de melhor atriz por sua interpretação, o filme ainda foi indicado a melhor roteiro original). Atuações dignas dos esforços realizados por Augusto e Michaela Odone cujo empenho entrou em conflito com interesses da comunidade científica – justamente por serem considerados leigos. Hoje, Augusto possui diploma em medicina e ainda pesquisa sobre a doença degenerativa, arrecadando fundos para o Projeto Myelin (ponto onde o filme tem seu desfecho). Michaela veio a falecer de câncer de pulmão em 2000.
Diante de tal situação, impossível não recorrer ao conceito de herói tão discutido ao longo da história. O ato desses pais, no meu ponto de vista, pode ser (leia-se deve ser) considerado um feito heróico – altruísmo além dos clichês usuais – uma vez que ajudou e ajuda jovens em todo mundo. Uma história com um vilão invisível que, tal qual um bicho papão, ataca as crianças em sua inocência. Maniqueísmo de primeira, unindo conceitos de ciência e religião, amor e preconceito, família e a tão discutida presença da morte. Tudo transmitido para a linguagem cinematográfica sem nunca fechar um ciclo, uma vez que se trata de uma proposta para além do filme – vale refletir sobre o fato de que o vilão nunca morrerá e que dois dos heróis já se foram, deixando para trás um legado exemplar o qual servirá de arma para a prosperidade. Nobel para essa família, para esses estudos, para esse projeto. Não pretendo discutir sobre o filme – ele não possui elementos inovadores quanto à linguagem, mas o que se vê na tela emociona pela simplicidade e veracidade dos fatos. Quem não viu precisa ver.
Fica aqui minha homenagem à família Odone, em especial, a Lorenzo cuja morte não foi causada pela doença degenerativa e sim por uma complicação derivada de uma pneumonia. Fica aqui a reflexão: os heróis são como nós e, por isso, todos podemos ser heróis.
Um comentário:
eu fiquei fã dessa familia, pela sua determinação
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