Beijou a esquina como se não
houvesse amanhã. Não havia amanhã. Sem paixões fugazes nem amor verdadeiro.
Tudo esvaiu-se em cor de pétala no asfalto. Tudo lançado ao ar vinte andares
atrás.
À multidão fumegante resta o
dom da dúvida em um conglomerado de porquês.
O casal se abraça. Amam-se
mais que nunca.
A criança chora assustada
com o espetáculo da vida.
A senhora se benze,
despachando o defunto.
A carta balbucia “amém”, enquanto a esquina engole a todos em um ato de comunhão.
Mario Chris
Rio de Janeiro, 13 de
outubro de 2014
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