domingo, 7 de setembro de 2014

O MENDIGO

            Cansado do excesso de informação, o mendigo destoa do restante e relaxa na esquina. Centenas de passos o cercam, o ignoram e – de forma naturalizada – o condenam. Entretanto ninguém entende a cidade como o mendigo e naquele curto espaço de tempo, descansando diante da esquina, observa o que ninguém mais nota. A cidade.

Faço parte disso tudo, pensa. Entende que a cidade sem mendigo ou mendigo sem cidade é como esquina sem dúvidas. Para que lado ir?

Não existe lado certo – se é o certo que tendemos a procurar. Cada canto da esquina é um novo mundo esperando por ser descoberto. Mas a ninguém interessa tal premissa. Mas ao mendigo interessa.
Levanta e segue pela esquina. Por qual canto? Não interessa.
Mario Chris

Amsterdã, 23/06/2014

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